Disciplina de Ortodontia

Avaliação Clínica e Tomográfica dos Respiradores Bucais

Júlia Garcia Costa

Orientador: Adriana de Alcântara Cury Saramago

RESUMO

O reconhecimento do padrão respiratório de um indivíduo é tradicionalmente competência do otorrinolaringologista (ORL). Entretanto respiradores bucais que apresentam maloclusões podem procurar por tratamento ortodôntico antes de receberem tratamento médico adequado, o que torna o ortodontista capaz de colaborar para a melhora da saúde geral do paciente e do prognóstico do próprio tratamento ortodôntico. Os autores desta pesquisa objetivaram verificar se os ortodontistas eram capazes de reconhecer o padrão de respiração bucal. O diagnóstico de referência foi obtido com exame clínico, rinoscopia e endoscopia nasal, além de medições antropométricas, pelo otorrinolaringologista (ORL) que classificou os participantes como respiradores nasais (RN), bucais com obstrução (RBO) ou bucais por hábito (RBH). As avaliações realizadas pelo ortodontista 1 (anamnese) e ortodontista 2 (exame clínico) foram independentes, estando os operadores cegos quanto aos resultados destes exames e do diagnóstico de referência. Foram realizados testes de concordância intra-avaliador e interavaliadores. O coeficiente kappa ponderado revelou concordância fraca (abaixo de 0,2) para a maioria das comparações. Observou-se uma diferença estatisticamente significativa na frequência relatada de tratamento fonoaudiológico pelos participantes, que foi maior nos RBO. Também foi objetivo com esta pesquisa avaliar a influência de medidas cefalométricas e antropométricas nas dimensões das vias aéreas dos respiradores bucais (RBO e RBH); e comparar as dimensões das vias aéreas dos mesmos com o controle (RN). Medidas volumétricas (nasofaringe e orofaringe) e área mínima axial da orofaringe (AMA) foram realizadas em tomografia computadorizada de feixe cônico, assim como medidas cefalométricas (ângulos ACC, GoGn-SN e ANB, e altura facial anterior) pelo ortodontista 2 e aluna de graduação de forma cega e independente. O coeficiente de correlação intraclasse (ICC) confirmou a calibração destes operadores nas medições tomográficas e cefalométricas, mostrando excelente confiabilidade. A partir da regressão linear o aumento da idade foi significativamente associado ao aumento de todas as medidas das vias aéreas, quando todos os participantes foram considerados; e uma influência significativa foi observada no volume de nasofaringe e orofaringe de RN. Os gráficos de regressão entre ACC e dimensões das vias respiratórias mostrou tendência estatisticamente significante no grupo RBH, revelando que quanto maior o ACC, maior o volume da orofaringe e da AMA. Quando todos os participantes foram considerados, quanto maior a altura facial anterior maior o volume da nasofaringe e orofaringe. Também se observou que quanto maior o índice de massa corpórea, maior o volume da orofaringe, estatisticamente significativo no grupo RBO. Quando foi realizada a comparação das medidas tomográficas, cefalométricas e antropométricas entre os três grupos, a única diferença estatisticamente significativa foi a do ângulo GoGn-SN, maior no grupo RBO. Não foram observadas diferenças nas dimensões das vias aéreas entre os três grupos.
Palavras-chave: Respiração bucal; Ortodontia; Diagnóstico; Endoscopia nasal; Tomografia computadorizada de feixe cônico.

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